“Um dia escutei teu chamado divino recado, batendo no coração,
Deixei deste mundo as promessas e fui bem depressa no rumo de TUA MÃO.
Tu és a razão da jornada, Tu és minha estrada, meu guia e meu fim;
No grito que vem do Teu povo, Te escuto de novo chamando por mim”. (J. Acácio Santana)
Por Lourdes Bonapaz
Faço minhas as palavras da canção acima. Foi no silêncio mais profundo do coração, que um dia escutei Teu chamado, fiquei inquieta até aquele outro dia em que, dizendo SIM, saí da casa de meus pais, do seio seguro de minha família, das relações de amigos e segui no rumo de Tua mão. Para onde? E para que?
Na mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, Papa Francisco responde por mim: “Quem se deixou atrair pela voz de Deus e começou a seguir Jesus, rapidamente descobre dentro de si mesmo o desejo irreprimível de levar a Boa Nova aos irmãos, através da evangelização e do serviço na caridade”.
Assim nasceu mais uma vocação Missionária!
Alguém que, “simplesmente é tocado e transformado pela alegria de se sentir amado por Deus não pode guardar esta experiência apenas para si mesmo”, continua Papa Francisco, é impelido a sair, partir para anunciar a “alegria do Evangelho” aos irmãos e irmãs, que ainda não O conhecem.
Esta é a vocação de todos os cristãos e este é o nosso CARISMA. Ir ao mundo inteiro anunciar o Evangelho, mas de modo muito particular aos que ainda não ouviram falar de Jesus.
Como Missionária da Consolata, ainda muito jovem, eu trabalhei no Brasil por 10 anos servindo na educação e na formação das jovens que se preparavam para ser missionárias e na formação de agentes pastorais e catequistas.
Mas meu coração missionário ainda esperava algo mais: partir para o AD GENTES, para o além-fronteiras, na realização plena da própria vocação.
E o dia chegou: “Eis-me aqui, disse eu, envia-me!” (Is 6, 7-8) Primeira destinação missionária foi a Libéria, país pequeno, de língua inglesa, no Oeste da África. Um povo alegre e acolhedor, disposto a qualquer desafio quando se tratava de “aprender”. Porta aberta para a Evangelização. Lá meu coração silenciou novamente e se aquietou. “Fiz-me fraca com os fracos... Fiz-me tudo para todos, a fim salvar um grande número... . E tudo isso por causa do Evangelho, para dele me fazer participante”. (1Cor 9, 22-23)
Desafios não faltaram, após uma semana da minha chegada à missão, assumi a direção de uma escola de Ensino Fundamental com mais de 700 alunos e se não bastasse, devia ainda fazer a formação de professores para a Educação Infantil... Desafios enormes também com a nova cultura, língua, clima, trabalho etc., mas de outro lado a acolhida e ajuda das irmãs da Consolata que lá se encontravam, dos líderes do povo em geral, superaram minha expectativa. Experimentei o verdadeiro sentido do: “Ide por todo o mundo... Eu estarei contigo...”. Em todos os momentos, senti que a mão de Deus me guiou e Maria Consolata sempre me abençoou.
É verdade, o Senhor que chama, nos ama e nos capacita para a Missão. Ele não nos abandona.
Na Guerra Civil da Libéria passei por muitos perigos e dificuldades, mas foram esses anos, por incrível que pareça, os mais proveitosos de graças espiritual que vivi com minhas irmãs missionárias e o povo que acolhi e amei como família.
Aí vivemos em cheio a nossa entrega total à providência de Deus, na fidelidade a Ele e à Missão, como também nosso Carisma de Consolação.
Depois disso fui enviada para a Guiné Bissau, também no Oeste da África, país de língua portuguesa, onde servi por poucos anos, e retornei ao Brasil devido a problemas de saúde. Se não fossem esses, estaria lá com minhas Irmãs Missionárias e meu povo africano de quem muito recebi e a quem muito amei.
Para um coração missionário não existem fronteiras, o mundo é nossa pátria, e todos são nossos irmãos e irmãs.
Jovem, se você está buscando um ideal de vida, uma razão para viver e amar olhe aí: semear a Boa Nova de Jesus é a nossa Missão.