UM PRESÉPIO DIFERENTE

O primeiro Natal que vivi na missão de Nangololo, Moçambique

Por Hedviges Giacomozzi

O primeiro Natal que vivi na missão de Nangololo, Moçambique, me marcou profundamente pela sua simplicidade.

Na maioria dos nossos lugares de origem, as pessoas se preocupam em preparar os ambientes das casas, ruas, jardins, praças e árvores etc. enfeitando-os com luzes de cores variadas e arranjos dos mais sofisticados e chamativos.

Isto chama a atenção e desperta admiração e sentimentos diversificados: de alegria, saudades, paz e comoção. Em si isto é bom, porque faz as pessoas vibrarem e fazerem experiências diferentes.

O Natal, todavia, não é só isto. Como cristãos o Natal é algo mais profundo. É a celebração do mistério da Encarnação de Jesus que veio para nos Salvar.

Por isso precisamos nos concentrar no silêncio, na oração e contemplar o essencial desta solenidade.

Vamos até a gruta de Belém onde nasceu Jesus Cristo, o Senhor e contemplemos o verdadeiro Natal. Jesus quis nascer neste lugar, nestas condições para nos mostrar que o importante é o essencial, o centro mistério. “Um Deus que se faz um de nós”.

É precisamente o que experimentei no meu primeiro Natal em Nangololo.

PC130328Os jovens da comunidade, longe dos alvoroços dos grandes centros urbanos, concentraram suas energias e criatividade para montar o presépio e ensaiar um pequeno auto de Natal. Tudo era muito simples: as estatuetas de pau preto e a fantasia usada no auto. Eles, contudo, fizeram o máximo com muita arte e carinho.

Isto ajudou a comunidade a vibrar de alegria na intimidade do seu coração, ao admirar a gruta, os enfeites, as estatuas que na sua simplicidade comunicavam a mensagem essencial do Natal.

Com o povo, também eu fiquei muito tempo em silêncio, um silêncio feito de oração e emoção diante daquele simples presépio. Foi um Natal diferente que nunca esqueci.

Hedviges Giacomozzi é Missionária da Consolata, Moçambique