A Missão é aqui

Missionária da Consolata tanzaniana relata experiência com o povo Yanomami no norte do Brasil.

Por Suzana Wilbert Kihoo *

Cheguei ao Brasil em 2019, sou Suzana Kihoo, missionária da Consolata nascida na Tanzânia. Fui muito bem acolhida em São Paulo, na Casa Regional das Missionárias. Depois de duas semanas na cidade, fui para Brasília estudar e aprender a língua portuguesa.

Participei de um curso muito interessante no Centro Cultural Missionário (CCM) com outros 23 missionários e missionárias, provenientes de 14 países, o que foi muito rico em integração e de muito aprendizado sobre a cultura brasileira, política e conhecimento sobre a Igreja no Brasil em geral. Terminei o curso e parti para Roraima, norte do país.

Chegando em Boa Vista, capital do estado, fui para a Casa Central, com as irmãs Missionárias da Consolata. Lá permaneci por pouco tempo, dando uma assistência aos migrantes venezuelanos enquanto me preparava para partir rumo à Missão Catrimani, com os Yanomami.

Entre os Yanomami

Logo parti para a Missão. Um mundo diferente que não conhecia, mas entrei confiando nas mãos de Deus e estando pronta para acolher a sua vontade no dia a dia. Cheguei à Missão no dia 11 de dezembro de 2019 e fui acolhida pela equipe missionária que lá atua, minhas irmãs missionárias e os missionários da Consolata.

Comecei o curso da língua Yanomami usada para a comunicação entre os indígenas e os missionários. O primeiro desafio que um missionário enfrenta é aprender a língua onde vai trabalhar.

Pedi a Deus a graça de abraçar essa nova realidade, que não era fácil. Agradeço a disponibilidade da equipe missionária, o padre Corrado e a irmã Mary Agnes que se empenharam para dar o curso da língua Yanomami. No início não entendia nada, mas pouco a pouco começou a ser gravada na minha mente e comecei a entender, compreender e falar bastante.

Foi uma experiência muito rica de aprendizado com o indígenas, já que me ensinaram a cultura e seus valores. Conheci o criador deles (mama), que em português é Deus.

O que fazem os missionários e as missionárias que atuam nessa missão específica: a defesa da vida, da cultura, do território e da floresta e casa comum, a defesa dos direitos humanos do povo Yanomami.

Como podemos evangelizar? O princípio fundamental dessa missão é anunciar a alegria do Evangelho no silêncio e no diálogo, gerando laços de amizade na ótica do bem viver.

A missão nos ensina que os Povos Indígenas, assim como qualquer outro povo, devem ser respeitados e compreendidos em suas diferenças. Aprendemos a caminhar com os indígenas, com suas esperanças e lutas, alegrias e conflitos, rompendo fronteiras e construindo relações saudáveis com eles e com outras organizações. A nossa vida na Missão Catrimani é uma convivência com o povo Yanomami e um testemunho do Evangelho através da nossa vida e diálogo cotidiano.

A Missão tem seus desafios, mas, Deus nunca nos deixou de proteger. A minha gratidão a Deus e à minha família missionária que me ofereceu a oportunidade de atuar nessa missão e partilhar a minha vida com o povo Yanomami.

* Suzana Wilbert Kihoo, MC, é missionária entre o povo Yanomami, Roraima.