CONFIANÇA EM DEUS - PAI ALLAMANO

 A confiança é como o requinte da Esperança

Por Escolastica Sevegnani

Como Missionária da Consolata vivendo e anunciando em diversos campos de Missão no Brasil e na África, o Pai Allamano muito me fala de SUA CONFIANÇA em DEUS no dia-a-dia.

Eis, o seu testemunho:
“A esperança mais insigne e mais sólida chama-se confiança”. A confiança é como o requinte da Esperança. Necessitamos dela para cobrir o espaço desigual existente entre o nosso nada e a sublimidade da nossa Vocação Religiosa, Sacerdotal e Missionária.

IMG-20180216-WA0023Sem confiança em Deus não podemos realizar nada; por outro lado, se desconfiamos dEle, o magoamos. Devemos ter um “armazém” de confiança para poder infundi-la nas pessoas.  São José Cafasso dizia que a desconfiança é o pecado dos loucos.
Custa tão pouco confiar em Deus!  Por que, então, não confiamos?

Todos necessitam de confiança. Necessitam os maus, para abandonar os vícios e dispor-se corajosamente à prática da virtude e ir a Deus: “Erguer-me-ei e voltarei a meu Pai” (Lc15,18). Necessitam os tíbios, para se excitar ao fervor: “O Senhor é bom para quem o procura” (Lm3,25). Necessitam dela, especialmente os fervorosos, para não desanimar perante os apelos de Deus, para não se desencorajar na luta contra os defeitos, nas quedas frequentes, nos pecados que cometem. À noite, fazendo o exame de consciência, o indivíduo encontra sempre as mesmas imperfeições; daí pode vir a tentação de pensar ou dizer: “É tudo inútil,  não consigo emendar-me!”  Por que, pergunto eu, por que tens sempre os mesmos defeitos?   Porque és preguiçoso. Faze todo o esforço e Nosso Senhor te ajudará.  É preciso cuidar-se para não admitir pensamentos de desconfiança.  Devemos renovar-nos constantemente, do contrário seremos como folhas de outono, que caem uma depois da outra.

Se não confiamos, somos loucos de verdade! Muitas vezes a nossa confiança é feita somente de palavras, porque, sobrevindo a provação, desconfiamos.  Permaneçamos firmes, não desanimemos nunca, pensando que tudo isto é erva do nosso jardim, tudo é resultado do barro de que somos empastados.

Importa tirar proveito de tudo. São Paulo nos assegura que “tudo coopera para o bem dos que amam a Deus” (Rm8,28). Sim, podemos tirar proveito de tudo, inclusive do pecado, se somos humildes. O pecado é motivo de humilhação.  Santo Agostinho elevou-se a tão alta santidade porque não se esqueceu de que fora grande pecador.  Ele confiava muito, muito, em Deus!

No céu haverá, entre eles, algum que teve as mesmas fraquezas que eu, as mesmas fragilidades... e eles nos ajudarão. Confiança... confiança...Um pouco de amor de Deus arruma tudo... Desconfiamos de nós mesmos e confiemos completamente em Deus. Não desanimemos nunca, recomecemos sempre. “Agora começo!”

IMG-20180216-WA0022São José Cafasso dizia que “não devemos pedir perdão a todo o momento; como entre amigos íntimos não se pede desculpa por qualquer coisinha, assim deve ser o nosso relacionamento com Deus. O amor de Deus purifica tudo”. E acrescentava: “Senhor, vós sabeis que não vos quero ofender... vós sabeis que vos amo; por isso, se me fugir alguma coisa, nem vos quero pedir perdão”. Devemos deixar tudo nas mãos de Deus. Tratemos a Deus com grande amor e confiança.

O abandono em Deus é uma confiança amorosa na Divina Providência que se manifesta tanto na conservação, como na direção e governo das criaturas. Se Deus mandava todos os dias, o corvo levar um pão ao Abade Santo Antão, a nós também mandará o pão necessário por meio dos benfeitores. Quanto custa manter um Missionário! Por isso, devemos confiar em Deus e corresponder... assim, Deus faz sair e entrar; do contrário, só faz sair. A minha preocupação não é que entre dinheiro, mas que mereçais que entre. Se viesse a faltar o necessário para a subsistência, iria ter com Jesus Cristo ou com Nossa Senhora, responsável pela bolsa e lhe diria: “Ou os que estão nas missões não cumprem seu dever, ou aqui dentro há um amalecita”. Neste caso, viremos e o expulsaremos.  Procuremos de nossa parte, cumprir fielmente o dever e conservar o espírito e depois tranquilizemos: Nosso Senhor pensará em tudo mais, mesmo a custo de fazer chover pães do céu, se for necessário. Eu não duvido da Providência.

Sem esta confiança na Divina Providência seria para enlouquecer. Sucede, às vezes, que não há dinheiro para pagar uma conta que vence. Vem a noite e o dinheiro falta...Asseguro-vos, porém, que jamais deixei de dormir tranquilamente por causa das preocupações financeiras. Pois bem, no dia seguinte o dinheiro entra e salda-se a dívida. Eu não vou procurar dinheiro. Nosso Senhor o manda na hora certa. Às vezes, o ecônomo me apresenta cifras relevantes, mas não me assustam. O Instituto nasceu por vontade de Deus e Ele se encarregará de tudo.
Confiemos em Deus, somente nEle. Não apoiemos nossa confiança nos recursos humanos que temos: inteligência, força, virtude, etc. e nem nos recursos alheios, humanos.

O abandono na Divina Providência não exclui, porém, que pensemos e providenciemos para o futuro, sem aquele afã exagerado, que provém da desconfiança em Deus e do apego excessivo às coisas da terra. De nossa parte, façamos as coisas com a máxima perfeição possível e não nos perturbemos pelo que poderá acontecer...
“Quem confia no Senhor, não será prejudicado” (Eclo 32,28)

Como é maravilhosa a sua atitude CONFIANTE NO SENHOR, diante do ecônomo que apresenta contas e mais contas para pagar...  o Bem-Aventurado Allamano não SE ASSUSTA.
E eu, diante de uma realidade assim,como ficaria? Que atitude teria? É de pensar!

Escolastica Sevegnani é Missionária da Consolata, SP