O “envio” faz parte da Missão

Aqui estou Senhor, envia-me!

Por Rosa Clara Franzoi *
Foto: Júlio César Caldeira

Envio da Irmã Graziela

Na festa da Assunção de Maria, dia 15 de agosto, irmã Graziela Moizés Flora, missionária da Consolata, recebeu o envio missionário na Comunidade São João Batista pertencente à Paróquia Nossa Senhora de Fátima, bairro do Imirim, em São Paulo. O destino de irmã Graziela é juntar-se às missionárias de sua congregação na Tanzânia, África.

Todo missionário é enviado por alguém e em nome de alguém, pois ninguém pode enviar-se a si mesmo. O primeiro a ser enviado em missão foi Jesus Cristo. Ele foi enviado pelo Pai para ser a luz e para salvar o mundo (Jo 12, 47). Ao ser enviado, Jesus confirmou a profecia de Isaías: “Veio trazer a Boa Nova, anunciar a libertação aos prisioneiros, dar vista aos cegos, pôr em liberdade os oprimidos e proclamar o tempo da graça do Senhor” (Is 61; cf. Lc 4, 18-19). Ontem como hoje, os missionários e missionárias são enviados a todos os povos, sem restrição. Como os primeiros discípulos, eles são enviados para dar continuidade à missão de Jesus. Aqui está o porquê do envio missionário de irmã Graziela.

Vocação missionária

Terminada a celebração, irmã Graziela falou sobre o significado do envio recebido e o fato de fazê-lo na sua comunidade de origem. Emocionada, e ao mesmo tempo agradecida a Deus, afirmou que a celebração a fez voltar ao passado, como adolescente e membro ativo da Legião de Maria, quando já fazia trabalhos missionários. O envio missionário confirmou sua vocação e ao mesmo tempo, foi um encorajamento para a nova etapa de sua vida na Tanzânia. Foi a própria Graziela que escolheu os textos para a celebração: Is 42 ss e 1 Cor 9, 16, acreditando que é o Senhor que a sustenta na caminhada, principalmente enviando-a para um povo que ainda não conhece no país africano. Para ela, ser enviada é ter viva na mente e no coração as palavras do Apóstolo das nações: “Ai de mim se eu não evangelizar” (1 Cor 9, 16). Irmã Graziela lembrou-se ainda das palavras do fundador do Instituto das Missionárias da Consolata, o Bem-aventutrado José Allamano: “nossa missão não é nada mais, nada menos, que a missão do próprio Jesus!”

Comunidade adulta na fé

Para irmã Graziela, fazer uma celebração de envio na comunidade de origem, com a presença dos familiares, amigos e amigas, das irmãs e irmãos de congregação - os missionários e missionárias da Consolata, foi muito significativo e causa de grande alegria, já que sempre teve grande carinho por cada pessoa daquela comunidade, especialmente aqueles que cresceram com ela, partilhando as experiências da infância e adolescência. Assim, Graziela sentiu que não estava sendo enviada somente pela Igreja, pelo Instituto, mas também pela Comunidade São João Batista, que, daquele momento em diante se tornou cúmplice de sua missão. A comunidade se comprometeu a acompanhá-la, com orações e gestos concretos. Não se diz que uma Igreja Particular torna-se adulta na fé quando envia algum dos seus membros para a missão? Pois bem, durante o envio isso se confirmou para esta comunidade.

Durante a celebração, um dos momentos mais marcantes foi quando o professor Ronaldo Cardoso dos Santos levou ao altar e entregou ao presidente da celebração, padre Francis Njeroge, imc, a Bíblia e a Cruz Missionária. O professor Ronaldo foi o catequista que preparou irmã Graziela para a sua Primeira Eucaristia. Ele foi o mediador de Deus na transmissão dos primeiros ensinamentos de sua fé, sobre os quais, com a graça de Deus, Graziela foi construindo o seu projeto vocacional de vida religiosa, missionária. Vendo a animação e o empenho com os quais a comunidade se preparou para este dia, mostrou-se claramente que o envio abrangeu todas as pessoas. A celebração foi um momento marcante para a comunidade e convidados, especialmente para os jovens, para os quais Graziela deixou um recado: “Deus pode estar chamando também você para a missão. Não lhe diga “não”. A missão é vasta, e precisa de gente corajosa e destemida para o anúncio de Jesus a todos os povos até os confins da terra. Não tenha medo!”

Sobre a Tanzânia

A Tanzânia é formada por 26 regiões e está localizada na África Oriental. Limita-se ao norte com Uganda, a leste com o Oceano Índico, ao sul com Moçambique, Malauí e Zâmbia e a oeste com a República Democrática do Congo. Desde 1996 sua capital é Dodoma. A antiga capital, Dar es Salaan, passou a ser a capital comercial. O país tem uma superfície de 945.087 km². A parte nordeste é de superfície montanhosa e ali ergue-se o Monte Kilimanjaro, o pico mais alto do continente, com mais de cinco mil metros de altura. Sua população é estimada em 40.213.162 habitantes (2008). Porém, a distribuição da população é extremamente desigual, com uma densidade que varia de uma pessoa por quilômetro quadrado nas regiões áridas, 51 nos planaltos úmidos, e 134 em Zanzibar. Mais de 80% da população é rural. A Tanzânia possui muitas atrações turísticas, como os parques de animais selvagens e abriga os três maiores lagos do continente: o Vitória, o Tanganica e o Malauí. O país reúne povos de diferentes etnias: os nilo-camiticos, da região oeste, a minoria shiraizi do Zanzibar que são de origem árabe, os indos-paquistaneses e os europeus. O swhaili e o inglês são os idiomas oficiais, possuindo ainda um grande número de línguas locais.

As missionárias da Consolata trabalham na Tanzânia desde 1922 e contam hoje com 42 irmãs no país. Falando sobre a África em geral, o papa Bento XVI fez esta afirmação: “o continente africano é a grande esperança da Igreja”. Ele deve ter surpreendido muita gente ao dizer isto. Há 50 anos, Pio XII fazia um forte apelo em favor da África, num momento muito crítico da sua história. O que teria, então, acontecido para justificar esta afirmação de Bento XVI, que, passado meio século, a África se tornou a esperança da Igreja? Muitos fatores devem ter sido os responsáveis; mas, ninguém pode negar que a presença de muitos missionários e missionárias, de vários países do mundo foi, e continua sendo a força propulsora para que o anúncio do Evangelho chegue ao coração e à vida de todos os homens e mulheres da Tanzânia e de toda a África. 

* Irmã Rosa Clara, MC, é animadora vocacional.
(CC BY 3.0 BR)