A CAMINHO DA BEATIFICAÇÃO

Missionária da Consolata martirizada na Somália tem caminho aberto para ser beatificada.

de Rosa Clara Franzoi

No dia 8 de novembro de 2017, o Papa Francisco autorizou a promulgação do ‘Decreto’ sobre o reconhecimento do martírio da Serva de Deus irmã Leonella Sgorbatti, missionária da Consolata, abrindo assim o caminho para a sua beatificação.

Leonella, de origem italiana, nascida em 19 de novembro de 1940, partiu para a Somália em 2002, quando o país passava por um período conturbado a nível político, e a influência islâmica extremista ganhava terreno. Ainda assim, a missionária ‘via com entusiasmo’ a possibilidade de gerir o centro de formação de enfermeiras, preparando profissionais para o único hospital ainda em funcionamento na Somália.

Sr leonellaO seu percurso pastoral foi interrompido em 17 de setembro de 2006, em Mogadíscio, capital da Somália, dias depois do papa Bento XVI ter proferido um discurso na Universidade de Ratisbone, em que citou uma frase de um texto antigo de um imperador bizantino que acusava o islã de nada ter trazido ao mundo senão a guerra.

O martírio

A declaração, mal interpretada pelo mundo islâmico gerou várias manifestações de repúdio; e foi neste contexto que extremistas islâmicos somalis assassinaram Irmã Leonella, atingindo-a com tiros pelas costas. Enquanto estava sendo atendida, a missionária repetiu três vezes: perdoo, perdoo, perdoo...

“O martírio de irmã Leonella é um sinal de sintonia com aquele rio de fogo que administra a nossa família desde o início, como habilidade superada até o fim, com a força suave e fecunda da semente que pode morrer para dar à luz. O martírio é um selo que nos leva às origens do carisma, no coração de Cristo; um coração rasgado do qual fluem sangue e água da vida e da consolação. Queremos trazer aqui uma grata lembrança do caminho de beatificação da nossa irmã Leonella” - assim reagiu a direção geral do Instituto Missões Consolata (IMC), após a divulgação do decreto assinado pelo papa.

Depois da beatificação de irmã Irene Stefani - a missionária que morreu aos 39 anos, quando curava e cuidava de um doente com peste - Leonella Sgorbati será a segunda missionária da Consolata a ser beatificada em pouco tempo.

No texto, que gerou reações polêmicas em todo o mundo, o papa citou – sem concordar com ele – um comentário ao islã feito pelo imperador bizantino Manuel II Paleólogo, no século XIV: “mostre-me o que Maomé trouxe de novo e você vai encontrar apenas coisas más e desumanas, como o seu mandamento de difundir pela espada a fé que ele pregou”, dizia o imperador.

Rosa Clara Franzoi, MC, é missionária em São Paulo e membro da equipe de redação da revista Missões.