A MISSÃO: DESAFIOS E GRAÇAS

Após deixar o meu país de origem Tanzânia, cheguei no Brasil em 2019, minha nova destinação

Por Suzana Wilberth Kihoo

20211009_124944A minha experiência missionária no Brasil.
Após deixar o meu país de origem Tanzânia, cheguei no Brasil em 2019, minha nova destinação.  E, São Paulo, na Casa Regional das Irmãs Missionárias da Consolata, fui muito bem acolhida e me senti em casa. Após duas semanas aí com a Irmãs, fui para Brasília, capital do país, onde se administra o curso de língua portuguesa para estrangeiros. Foi uma experiência muito rica de integração entre 24 missionários e missionárias de 14 países diferentes, que nos encontramos no Centro Cultural Missionário (CCM) iniciando a entrada nessa cultura e curso da língua. Foi também uma experiência rica e de muito aprendizado sobre a cultura brasileira, política e conhecimento da Igreja do Brasil em geral.

Terminei os cursos no CCM em Brasília e logo peguei o caminho para a diocese de Roraima que se encontra no norte do Brasil. Chegando lá fui acolhida na casa Central das Irmãs da Consolata em Boa Vista- RR. Novamente muito bem recebida por nossas Irmãs da comunidade, que estavam muito ocupadas com os migrantes venezuelanos que aí chegavam devido à crise que se agravava em seu país; e eu fui ajudando nesse serviço de acolhida e primeira ajuda a eles. Por um pouco de tempo permaneci aí com essa comunidade, enquanto também me preparava para a entrada na missão do Catrimani, com o povo originário yanomani.

IMG-20211009-WA0028Entrei nessa missão especifica dia 11/12/19, um mundo diferente que eu não conhecia, mas entrei confiando tudo nas mãos de Deus e para ser pronta a acolher a vontade de Deus dia a dia. Fui calorosamente acolhida pela Equipe Missionária que atua nessa missão: As minhas irmãs missionárias da Consolata MC e os missionários da Consolata IMC.
Nos dias que se seguiram comecei o curso da língua yanomami, própria do povo indígena local, usada como meio de comunicação entre eles e os missionários/as. Coloquei muito empenho pessoal, sabendo que, ser missionário/a sem conhecer a língua do povo é um desafio dobrado, para os missionários/as e para o povo local. Pedi a Deus a graça de abraçar essa nova realidade que não foi fácil, mas com Deus tudo foi possível. Agradeço a disponibilidade da Equipe Missionária, o Pe. Corrado e a Ir. Mary Agnes que se empenharam em dar o curso da língua yanomami para mim. No início eu entendia nada, mas pouco a pouco, a língua começou a entrar na minha mente e coração; comecei a entender e compreender e no final já falava bastante.
Posso dizer que essa foi uma experiência rica e de muito aprendizado com o povo yanomami. Me ensinaram a cultura e seus valores. Me ajudaram a conhecer o criador deles que é (o mama) em português, Deus.

IMG-20211009-WA0026O que fazem as missionárias/missionários que atuam nessa missão especifica? Bem atentas e cuidadosas na defesa da vida, e da cultura, do território e da floresta, casa comum, sem descuidar da defesa dos direitos humanos e do povo yanomami. O princípio fundamental da missão é anunciar a alegria do Evangelho na simplicidade e silêncio, dialogando e gerando laços de amizade na ótica do bem viver. Essa missão nos ensina que os povos indígenas, assim como qualquer outro povo, devem ser respeitados e compreendidos em suas diferenças. Aprendemos a caminhar com eles, com suas esperanças e lutas, alegrias e conflitos, rompendo fronteiras de separação e construindo relações saudáveis com os indígenas e as outras organizações aí presentes.

A missão tem seus desafios sim, mas Deus nunca deixou de nos proteger; sentimos fortemente sua presença. Sou muito grata a Deus e à minha Família Missionária por me ofereceu a oportunidade de atuar nessa missão partilhando minha vida com o povo yanomami. GRATIDÃO!

Suzana wilberth kihoo, é missionaria da Consolata atuando na Amazônia