NÃO POSSO DEIXAR DE FALAR DO QUE VI E OUVI

“E como ouvirão falar se não tem quem anuncie”

Por Lourdes Bonapaz

Reporto aqui o testemunho de três nossas Irmãs, em plena ação missionária, evidenciando nosso carisma de consolação e primeiro anúncio.

IMG-20211008-WA0009* Ir. Nair Sassi, Missionária da Consolata partilha conosco.
“Trabalhei 7 anos em Moçambique, África e quase 8 na Itália. Atualmente estou respondendo ao chamado do Senhor em Buenos Aires, Argentina, comunidade Casa Consolação com as Irmãs anciãs. É um serviço contínuo onde me deparo de frente com a fragilidade humana das Irmãs que já deram tudo de si à Missão e hoje necessitam de cuidados. Neste serviço entendi duas coisas importantes para minha vida pessoal e missionária:

- O amor, carinho e a atenção têm o poder de curar.
No início deste ano 2021, 8 Irmãs da comunidade se contaminaram com o COVID 19. Lutei até o fim para que elas não fossem hospitalizadas, com medo de perde-las, pois estavam muito frágeis de saúde e dependentes em tudo. Através da atenção, carinho, amor e cuidados que dispensamos a elas, somente uma falece, com 93 anos pois já estava com muitas complicações de saúde antes mesmo de ser contagiada com o vírus.

- Entendi também, concretamente, o que significa dar a própria vida, oferecer a vida para salvar outras. Ao cuidar das Irmãs com COVID 19, que dependiam de tudo, eu sabia que poderia ser contagiada; mesmo assim não medi nenhum esforço, não reservei nada para mim, o importante era cuidá-las dia e noite porque acreditei que: ao cuidar delas, Deus cuidava de mim. Se eu me preocupar com o bem do outro, Deus se preocuparia de mim. Se eu servir o outro com carinho, amor e dedicação, Deus retribuiria a mim, da mesma forma. E assim foi.
DEUS CUIDA DE CADA UM DE SEUS FILHOS/AS”!

Ir Eleusa Socorro do Carmo Ferreira, é Missionária da Consolata, brasileira há 20 anos na Venezuela; celebrando este ano 25 anos de VIDA RELIGIOSA CONSAGRADA.

IMG-20211009-WA0019*Ir Eleusa conta: “A vovó Cristina Cayupare é uma indígena Ye’kuana da aldeia de Tencua na Amazônia venezuelana que só fala seu próprio idioma.
Depois de tanto escutar sobre a vida de Jesus e de experiências que outros Ye’kuana fizeram de Jesus na vida deles, ela se sentiu atraída por Ele. Por isso, pediu para comungar o corpo do Senhor na Eucaristia. Fez um longo período de preparação. Quando terminou o processo de catequese, vovó Cristina recebeu a comunhão tão desejada por ela. Desde então, todos os domingos ela vem na pequena Capela das Missionárias da Consolata em Tencua para se encontrar com o Senhor de sua vida.
Um domingo, depois de escutar em seu próprio idioma o Evangelho que narra a Ressurreição de Jesus, fui dar-lhe a comunhão e antes disse: Maña ñädä Wanadi ajichato, tamedä konemjönö enkuanojoni. Ajichakomo nejiñajato Wanadi jadä ashinchä. Traduzindo significa:  Este é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Felizes os convidados para o banquete do Senhor. Ela respondeu: Jesus, wijumma jooje, jooje. Que significa: Jesus, eu te amo muito, muito.
Vovó Cristina em vez de dizer a oração estabelecida no Ritual Romano que reza: Senhor, eu não sou digna de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salva. Ela fez a sua própria declaração de amor ao Senhor de sua vida, quando disse; Jesus eu te amo muito, muito.
Que lição me deu vovó Cristina! Sou-lhe muito grata”!

 

* Assim testemunha Irmã Maria Theresa Thukani Karatu, natural do Kenya, África e está no Brasil desde 1987 com quase 30 anos na região amazônica.

- “Deus, quando pensou em mim, já o fez com destino para uma missão. Não estou neste mundo por acaso, foi o próprio Deus que me escolheu; porque já tinha desde toda a eternidade um objetivo bem definido para mim, uma missão a cumprir.

IMG-20211009-WA0024A missão se revela com a vida, na medida em que eu vivo e que me abro ao Espírito Santo. Ele vai me revelando aos poucos, quais são seus desígnios a meu respeito, o que ele deseja que eu realize. A minha missão é, antes de tudo, um caminho de santidade, é um meio que Deus me deu para chegar um dia a Ele, sabendo que Ele vai pedir contas! Portanto, o mais importante na vida é assumir a minha vocação e ser fiel à missão. A frase de São Paulo bate forte no meu coração e me impulsiona: “E como ouvirão falar se não tem quem anuncie”? (Rm 10, 14)

No momento estou trabalhando nas aldeias indígenas de Roraima com os povos originários: Macuxi e Wapichana anunciando a Boa Nova de Jesus em maneiras diferentes de aproximação com o povo; através do testemunho de vida, de visitas simples e meigas, gestos concretos de estar com eles nos momentos de alegria e tristezas, nas assistências pessoais, comunitárias e grupal como também em compras de medicamentos quando se faz necessário, pois nos postos básicos de saúde chegam poucos recursos e antes que os indígenas cheguem lá as prateleiras já estão vazias.
Oferecemos também cestas básicas quando temos e podemos. A partir destes gestos concretos e tão necessários, eles declaram abertamente que somos pessoas de Deus; deste jeito confirmam que nós anunciamos Jesus missionário alegre, humilde e misericordioso.
Em nossas visitas mais prolongadas nas aldeias falamos sobre vocações leigas, matrimonial e religiosas na Igreja pois há falta de operários para messe...
Para nossa alegria e gratidão, já estamos colhendo frutos de novas vocações religiosas e missionárias no meio desse povo Macuxi, da terra indígena Raposa do Sol, (Roraima). É bênção de Deus sobre esse povo originário, é a Igreja que vai se consolidando entre eles.

Neste mês missionário nos sentimos como São Paulo, “E como pregarão se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam a boa Nova” Is 52, 7
Jovem, venha comigo seguir as pegadas de Jesus”.

Lourdes Bonapaz é missionária da Consolata, SP