EM TEMPO DE COVID 19

 

 

Experiência que a Comunidade Cristã, em Maúa, Moçambique, está vivendo neste tempo de pandemia.

 

Por Anair Voltolini

Quero partilhar em poucas pinceladas a experiência que a Comunidade Cristã, em Maúa, Moçambique, está vivendo neste tempo de pandemia.

thumbnail_20200610_105433Achei muito oportuna esta anedota, uma conversa entre Deus e Satanás: Satanás, com ironia, diz a Deus: “Com a COVID 19, eu fechei todas as tuas igrejas”. Deus, sabiamente responde: “Ao contrário, Eu abri uma igreja em cada casa”!

Sim, a situação que nós, e o mundo inteiro está vivendo é dolorosa, é dramática e trágica, mas em tudo isto podemos entrever algum aspecto positivo: por exemplo a descoberta da grandeza e da beleza da ‘Igreja Doméstica’, uma dimensão eclesial pouco evidenciada nas nossas comunidades cristãs.  Não podemos encontrarmo-nos, não podemos reunirmo-nos fisicamente como povo de Deus nas igrejas para rezar, para celebrar a Eucaristia, os Sacramentos..., mas podemos perceber a força do Espírito de Deus reunindo a família ao redor do altar do amor, partilhado na intimidade do lar, da fé em Cristo Jesus Salvador, e na relação com Deus que manifesta em toda parte a sua misericórdia, o seu amor apaixonado por todos os seus filhos e filhas.

A preocupação pastoral, levou os animadores das comunidades, junto com a Equipe Missionária, (Padres e Irmãs) a criar algumas condições para favorecer às pessoas e famílias a possibilidade de momentos de oração durante a jornada. A Paróquia providenciou alto-falantes que foram instalados no alto do campanário da igreja paroquial e cada dia o Pároco, Pe. Giuseppe Frizzi, celebra a Eucaristia ao microfone, com a participação de duas ou três pessoas. Assim, em uma vasta área da aldeia, às 05:h da manhã, as pessoas podem acompanhar a oração e colocar-se em relação com Deus, em comunhão com toda a comunidade.

O mesmo acontece à noite com a oração do Rosário. Às 19:h o sino da Igreja ressoa e muitas pessoas e famílias podem unir-se àquele pequeno grupo que na Igreja reza à Virgem Maria, nossa terníssima Mãe, e intercede a sua bênção e o seu olhar materno sobre o mundo neste tempo de pandemia.

As pessoas aqui confiam muito na Ir. Irene Stefani MC. Seja pela manhã, no final da Santa Missa, como à tarde no fim do Santo Rosário, faz-se uma oração especial à Bem-aventurada Irene Stefani, para que ela lá do céu, proteja a comunidade e o mundo inteiro do mal do Coronavirus, e para que cesse este flagelo. Muitas pessoas têm esta oração em casa e a invocam com confiança e devoção.

thumbnail_20200607_140800Com as crianças que eram habituadas a vir ao “oratório” (espaço com salas e quadra esportiva) duas ou mais vezes por semana, para momentos de formação e jogos, agora em pequenos grupos, ao longo do dia, chegam à nossa casa e procuram a Irmã que os acompanhava. Ela, sem fazê-los entrar, conversa um pouco com eles e juntos fazem um momento de oração para o mundo, para os doentes, para aqueles que perderam seus entes queridos e para que termine em todo o mundo a pandemia e não chegue até nós.

Nós, como comunidade das Irmãs, desde quando as normas de distanciamento social se fizeram mais rígidas, quando foi proibida qualquer reunião de pessoas, temos a celebração da Eucaristia, em casa, três vezes por semana, dedicamos mais tempo à oração e a encontros de reflexão e partilha. Temos pouco contato com as pessoas, infelizmente. Com o uso da máscara, nem o sorriso é mais possível, mas procuramos sorrir com o olhar.

Semanalmente nos encontramos como Equipe Missionária para uma avaliação da semana, para partilha de reflexões e sentimentos, experiências e informações neste tempo de tanto sofrimento e morte. Celebramos juntos a Novena de Pentecostes, sentindo-nos em comunhão com toda a Igreja em oração, suplicando com confiança e esperança a vinda do Espírito Santo.

A nossa missão mudou seu estilo de expressão, mas não diminuiu a intensidade da esperança de vida nova, de caminhos de fé e de fraternidade que o serviço da evangelização comporta. Juntos somos mais fortes e venceremos!

Anair Voltolini é Missionária da Consolata em Moçambique