Procurei caminhar lado a lado com os povos e etnias diferentes, especialmente com os Indígenas da Área Raposa Serra do Sol onde fiquei mais tempo.
Por Lourdes Bonapaz
Irmã Maria Theresa, Queniana, chegou ao Brasil como missionária, em 1987 bem jovem ainda, como Irmã professa e aqui viveu e trabalhou por 35 anos.
Durante todo esse tempo exerceu várias atividades, mas, sua principal atividade foi na área da saúde, sendo ela enfermeira de profissão. Assim, esteve no Hospital Santo Antônio de Votorantim, SP; depois, foi para Monte Santo, Bahia na Pastoral da saúde, por pouco tempo.
Em 1992 passou à região Amazônica no Hospital São Camillo da Diocese de Roraima. Permaneceu um tempo em Boa Vista para se preparar bem para atender uma área de muita malária. Fez curso e recebeu o Certificado Nacional de Microscopista, que a ajudou muito no diagnostico, seja da malária como de verminoses, etc.! Então sim, iniciou uma grande atividade ensinando os indígenas, agentes comunitários, nos socorros básicos de saúde das mães e seus recém-nascidos; sendo eles agora os protagonistas no cuidado da saúde do seu povo. Os agentes, conseguiram também o Certificado Nacional de saúde como microscopistas e podiam atuar com segurança!
Organizou programa de vacinação sistemática com o apoio da Fundação Nacional de Saúde, estando em Boa Vista e foi também chamada para fazer a campanha de vacinação na área Indígena Yanomami.
Em 2001 passou a integrar um grupo de trabalho com os portadores de Hanseníases; mas aí também iniciou a Pastoral da Saúde e a Farmácia de Terapia Alternativa, na Paróquia, dedicando grande parte de seu tempo e cuidados, na Pastoral de três comunidades: São Mateus, Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora Consolata.
Foi um trabalho intenso e muito rico onde sempre teve apoio do povo local e da comunidade. Tudo isso em 10 anos!
Depois disto, passou novamente na área indígena, Raposa, sempre bem integrada na Pastoral com Cursos de Catequese, preparação dos Pais e Padrinhos e no acompanhamento dos Remédios Fitoterápicos.
Assim testemunha a Irmã Maria Theresa: “Durantes os 35 anos de trabalho missionário no Brasil, por onde passei e trabalhei sempre fui bem aceita e me senti bem com todos.
Respeitei os costumes, a linguagem, as culturas, o ritmo do povo e a diversidade de alimentos, de cada lugar. Procurei caminhar lado a lado com os povos e etnias diferentes, especialmente com os Indígenas da Área Raposa Serra do Sol onde fiquei mais tempo. No meio deles, me sentia em casa, porque eles têm muitas coisas em comum com o meu povo Kikuyu do Quênia. Por exemplo: cozinhar com fogo a lenha e na panela de barro, apanhar água nos rios e igarapés, trabalhar no campo manualmente, digo: plantar, colher e tantas outras coisas. etc.
Com as minhas Irmãs de comunidade, me empenhei muito no respeito recíproco, na escuta fraterna e aproximação com simplicidade”.
Irmã Maria Theresa, de nossa parte aqui no Brasil, queremos agradecer muito, muito sua longa permanência e disponibilidade em servir a todos como verdadeira irmã. ‘Deus lhes pague’, como dizemos aqui em nossa terra. Bom trabalho aí na Europa e a aguardamos novamente no Brasil quando Deus quiser. Obrigada querida Irmã, sinta nosso abraço de gratidão e nossas preces!