Cinquenta anos de Vida Consagrada a Deus para a MISSÃO
Por Susana Possamai
Estou comemorando hoje cinquenta anos de Vida Consagrada para a MISSÃO, porém a caminhada iniciou muito tempo antes, com o desejo de ser missionária para levar Jesus aos que não o conheciam.
Eu era pequena, apenas 10 anos..., os anos passavam, mas não o sonho de anunciar Jesus. Eu nasci numa família católica, assídua na participação dos sacramentos, orações, novenas, terços... E a tenra plantinha da vocação foi crescendo.
Chegou o dia da decisão e entrei no Instituto das Irmãs Missionária da Consolata.
Eu tinha somente 14 anos, mas sabia bem o que queria: ir para a África, terra dos sonhos do Fundador José Allamano.
O dia era bem cheio: Estudo, trabalho, disciplina, oração e muita alegria, recreios animados..., era a minha vida, junto com uma turma de 60 adolescentes, alimentando os mesmos desejos da Missão Ad Gentes.
Passaram-se os anos, muitas colegas ficaram ao longo do caminho durante os anos intensos de preparação para a vida religiosa, missionária.
E a estrela estava sempre brilhando, indicando o caminho. Essa estrela é a Mãe Consolata, que ainda hoje acompanha nossos passos.
Parti para a África, a querida Libéria, um país de vida tranquila, povo trabalhador, alegre, festeiro, cheio de lindas tradições, que aos poucos fui descobrindo, entendendo e amando.
Mas veio a guerra no país, trazendo morte, tristeza, fome, fuga... e ao mesmo tempo não ofuscando o sonho da paz. Foi neste tempo que senti de maneira toda especial, profunda, real, o quanto Deus anda lado a lado com a gente, dando coragem, serenidade em meio a bombas que caiam por todo lado. A alegria nunca abandonou nosso pequeno grupo de Missionárias, presente nesta realidade. Não podendo desempenhar muitas atividades, passávamos muito tempo na capela, em oração.
Voltando ao Brasil, vivi nas terras do agreste baiano... quantos quilômetros percorridos, a pé, de Toyota, na lama, na poeira, de dia e de noite, para visitar famílias, formar catequistas e animadores, incentivar a alfabetização de jovens e adultos, acompanhar grupos de crianças da catequese..., para mencionar algumas das atividades nestas missões.
Do sertão baiano fui para Mato Grosso do Sul, nas terras indígenas, com o povo guarani.
Tive também a alegria de fazer uma breve experiência missionária numa comunidade em Lisboa, Portugal. Hoje me encontro prestando meu serviço na casa das irmãs idosas e doentes, que doaram toda a vida para a Missão e precisam de cuidados especiais. Quanta vida doada nessas Missionárias!
Dia 26 de Janeiro foi um grande dia de festa, precedido por uma semana de formação à luz dos inícios do Instituto, considerando a vida e o ardor missionário das primeiras irmãs, formadas pelo próprio Allamano. O fogo do Carisma ardeu no coração com ainda maior força.
Antes da Solene Celebração Eucarística, Irmã Gabriela Bono, Superiora Regional e Irmã Lina Kessy, Conselheira Regional, reuniram o grupo das sete Irmãs jubilares presentes. Elas quiseram ouvir de cada uma de nós o que estávamos sentindo nesse momento. “Deus é fiel”, “sei em quem acreditei”, “gratidão à Comunidade, à Família Consolata” – foi o que cada uma expressou comovida e feliz.
Somando os nossos anos de missão, unidos aos das colegas jubilares que estão em outros países, e aos dos Missionários jubilares, deu mais de oitocentos anos de vida a serviço da Missão Ad Gentes.
Além do sentimento e intenção de ação de graças pelas/os jubilares, a Celebração focou o aniversário da fundação do Instituto – cujo dia é 29/01, mas antecipado para o dia de hoje – com a presença de parentes, leigos missionários, seminaristas e Padres IMC.
O clima de festa era quase tangível. Eu, porém, vivi este momento concentrada no significado profundo do evento; nada me distraia. Senti forte a presença de meus pais, que já estão com Deus, de meus irmãos IMC e irmãs MC, que também morreram no campo de Missão e dos outros familiares ainda vivos. Lembrei-me de minha irmã MC, que atualmente mora em Turim, mas que viveu árduos anos de missão na Líbia, África. Minha querida maninha Consolata, e mano Raulino. Todos comigo, louvando e agradecendo a infinita FIDELIDADE do amor de Deus. Não vinham palavras para expressar o que eu estava experienciando. Apenas conseguia dizer: Senhor, louvado sejais, obrigada, eu vos amo, renovo a entrega de minha vida para o anúncio do Reino, para a Missão, tudo, tudo, tudo é vosso Senhor.
Na hora em que a Hóstia Eucarística foi depositada na palma de minha mão, sorri para Jesus: “És meu amado e eu sou tua!” E Ele respondeu no meu íntimo: “És minha amada e Eu sou teu”.
Será que existe felicidade e alegria mais profunda do que esta?
Após a Santa missa, solenemente animada, houve o almoço e a festa concluiu-se com cantos em homenagem aos jubilares, com agradecimentos e louvor a Deus.
