Missão, Envelhecimento Humano e Vida Religiosa

Irmãs Missionárias da Consolata participaram de curso em Brasília sobre Missão, Envelhecimento Humano e Vida Religiosa promovido pelo CCM em parceria com a CRB.

Por Ortência Antunes Da Silva

O Centro Cultural Missionário (CCM) promoveu a 4ª semana de Formação Missionária, para Religiosas e Religiosos, em parceria com a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) com o tema: Missão, Envelhecimento Humano e Vida Religiosa em processo de transformação, entre os dias 11 e 15 de abril de 2016, em Brasília, DF.

cursoenvelhecimentomenorAs irmãs Domenica Marchiaro, Ortência Antunes, Madalena Xavier e Escolastica Sevegnani participaram e  acharam que os temas foram desenvolvidos por assessores competentes e entusiastas da matéria, com exposição clara e interessante, deixando grandes desafios. “Todos nós estamos matriculados na escola da vida onde o mestre é o tempo” (Leonardo Boff).

O Professor Iltomar Siviero desenvolveu o tema envelhecimento humano face ao trabalho, ócio e finitude. A dimensão do “ser e fazer nada”, isto é, do “Ócio”, temos as atividades que não podem ser vistas, mas movimentam e tornam as pessoas mais qualificadas, mais abertas a um modo de ocupação que desocupa. Entre as atividades citamos: oração, meditação, adoração, o pensar, o julgar e outras. Esse movimento contemplativo é um movimento que vem à pessoa e dá sentido, beleza, pureza, ternura, doação, solidão e silêncio.

Abordando o tema em geral ele afirmou que o envelhecimento humano é uma realidade que precisa ser enfrentada na Vida Religiosa, pois isso fará toda a diferença para o hoje em vista de não perder o passado e construir um futuro planejado dentro das possibilidades presentes. A velhice só passa a ganhar e ter sentido se a compreendermos, se abrirmos espaço para o novo, então sim começaremos a experienciar novas formas de relações. “Nós nascemos inteiros, mas nunca estamos prontos”.

Irmã Maria de Fátima Alves de Morais, psicóloga e doutora em ciências da religião, explicou que tratou o envelhecimento de uma forma diferente. “Trabalhei a questão do envelhecimento humano como uma arte. Enfoquei os três pilares que ajudam no processo de formação nesse envelhecimento”.

A psicóloga começou a explanação pelo pilar da vida fraterna, a vida em comunidade. “É muito importante a pessoa ser acolhida, ser respeitada, ser amada na comunidade. Quanto mais fraterna for sua vida, maior será a possibilidade de enfrentar o envelhecimento com mais tranquilidade, com mais serenidade”. E continuou: “Precisamos olhar para o processo da velhice com um olhar da vida e não da morte. Eu tenho a vida e vou vivenciando esse processo. A vida é sempre um diferencial na nossa caminhada”.

Espiritualidade

A questão da espiritualidade foi o segundo pilar citado por irmã Maria de Fátima. “A espiritualidade é importante nessa caminhada. Aquilo que eu vou sedimentando ao longo da minha vida faz com que a espiritualidade, nesse momento do envelhecimento, me dê a força e a beleza da paixão pela vida que eu escolhi”. A religiosa ainda explicou, “Nós religiosos escolhemos uma vida de entrega total, uma vida de cuidar das outras pessoas. A espiritualidade nos ajuda, agora, num processo de humildade, de abertura para o acolhimento, pois, se necessário, outras pessoas terão que cuidar de nós”.

O último pilar abordado pela religiosa foi missão. “Para mim esse é um dos pilares mais fortes. A missão é estar sempre aberto para o outro, para aquele que precisa de mim. A minha vida inteira foi dedicada a isso, e agora me deparo com a questão da limitação do corpo. Não posso desanimar, devo me lembrar de tudo que fui capaz de fazer na vida das outras pessoas e seguir na missão”.

“A missão não muda, ela apenas vai ter um jeito diferente nesta etapa do envelhecimento. A missão é inerente a pessoa de Jesus e nós somos apenas colaboradores. É preciso tomar consciência de que a missão é Dele e que eu sou o mediador junto aos meus irmãos, em todas as etapas da vida”, encerrou a religiosa.

Neste curso participaram 35 Religiosas e Religiosos de diferentes Congregações e das mais variadas partes do Brasil o que deixou o curso mais interessante e rico de experiências. Dentro da Vida Religiosa Consagrada (VRC), há idosos que vivem esta etapa da vida com grande leveza, gratidão e alegria; que não dependem de acontecimentos externos, e estão bem inseridos na missão. O como vivemos o envelhecimento é consequência das atitudes tomadas ao longo da nossa vida.

Padre Estevão Raschietti, SX, apresentou o tema sobre a participação do/a ancião/a na Missão de Deus e a necessidade da compreensão do envelhecimento em mudanças de época e da sabedoria no envelhecer. A velhice, dizia ele, é um tempo pascal entre o antigo e o novo, um tempo de despojamento. É preciso descobrir a dimensão teologal desta etapa da vida e da missão. “A Missão não é uma obra, mas uma essência divina”. A identidade fundamental da Vida Religiosa Consagrada (VRC) é viver exclusivamente para Deus seguindo Jesus, como único necessário (cf PC.5). Os religiosos/as não se consagram primeiramente a uma missão e nem aos pobres, mas se Consagram unicamente a Deus que é Missão e que se revela nos pobres (D AP257).

Estes foram dias de aprendizado, vividos com muita alegria, bom entrosamento do grupo e enriquecidos de partilhas em grupos menores. "Todas nós participantes, saímos de lá com o coração repleto de gratidão por este momento de graça em nossas vidas", afirmou Ir. Ortência.