Esta expressão: “Saiamos às pressas...” nos leva à contemplação da atitude de Maria de Nazaré
Por Anair Voltolini
Esta expressão: “Saiamos às pressas...” nos leva à contemplação da atitude de Maria de Nazaré que sai às pressas para as montanhas de Ain Karin ao encontro de Isabel, sua prima, que está grávida e precisa da sua ajuda.
Inspirada neste ícone bíblico a Conferencia dos Religiosos e Religiosas da América Latina (CLAR) interpela a Vida Consagrada à criatividade na missão, a se manter em constante movimento em direção ao outro, aos mais carentes, aos mais vulneráveis, às “periferias existenciais” de hoje, como definiu Papa Francisco, às pobrezas hodiernas, aos que carecem da força vital do Evangelho de Jesus.
Querendo responder a este apelo da CLAR, tão urgente hoje nas nossas sociedades, um grupo de mais de quinhentos Religiosos e Religiosas consagrados/as – Superiores e superioras de Congregações do Brasil – reuniu-se nos dias 04 a 08 de maio em Aparecida do Norte, junto ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, para refletir, partilhar e assumir com coragem e em comunhão, a missão da Vida Consagrada hoje.
O tema desenvolvido, refletido e rezado neste Seminário foi: “Mística e Profecia na missão comunitária”. Estas duas características são a alma do SER e da MISSÃO da Vida Religiosa. Para bem entender e qualificar o serviço missionário é indispensável ter uma visão, o mais real e global possível, da realidade sócio-política-cultural do mundo em que vivemos.
“O mundo que nos toca” foi um dos temas a ser debatido. Algumas convicções foram ganhando espaço: Vivemos em um tempo escatológico, um tempo de crise, numa realidade muito complexa, lideranças políticas em colapso..., mas, rumo a um tempo de transformação e de mudança. A Vida Religiosa é convidada a acolher esta realidade – sinais dos tempos – com criatividade, otimismo dinâmico e esperança. Mao Tse Tung tem uma frase formidável: “Há uma grande desordem sob o céu: a situação é excelente”.
Viver a profecia hoje, neste mundo que nos toca, é habitar a história com o foco em Jesus de Nazareth; é resgatar os valores essenciais da Vida Consagrada. Essa pode ser simbolizada numa árvore. As RAIZES – avançam firmes e robustas escavando em profundidade dando consistência ao tronco e qualidade aos frutos. As raízes, são a fé, firme e sólida, missionária, cuja centralidade é Deus. O TRONCO é a comunhão fraterna. A vida comunitária é o espaço teologal de onde se manifesta ao mundo o rosto comunitário de Deus. Os FRUTOS – a MISSÃO da Vida Consagrada, tecida de testemunho e de anúncio. Das raízes e do tronco depende a qualidade do fruto.
Os quatro dias do Seminário foram coloridos e enriquecidos por muitos testemunhos, desde Florianópolis no serviço com afro-brasileiros, à Amazônia e Mato Grosso do Sul com os povos indígenas e os ribeirinhos; do serviço à educação, à acolhida dos imigrantes venezuelanos em Roraima. Estes testemunhos e muitos outros por este Brasil afora, onde há uma presença atuante de homens e mulheres consagradas/os a Jesus Cristo, são sinais concretos da profecia e da mística que identificam a Igreja e a Vida Consagrada.
Foi este um tempo de graça e de renovação da missão da Vida Religiosa, com Maria Mãe da humanidade e companheira dos pobres, de compromisso a “sair às pressas, aonde clama a vida”.
