VIVER A QUARESMA, SEGUNDO PADRE ALLAMANO

A Igreja, como mãe terna, oferece este tempo Litúrgico da QUARESMA, como tempo favorável para uma revisão e mudança de vida.

Por Lourdes Bonapaz

Sempre é tempo de olharmos para nossa vida, como a estamos vivendo ou gastando-a.A Igreja, como mãe terna, oferece este tempo Litúrgico da QUARESMA, como tempo favorável para uma revisão e mudança de vida.

20160708_152357Assim também nosso Pai Fundador, o Pe. José Allamano deixou orientações escritas a seus Filhos e Filhas Missionários para bem viver a este tempo privilegiado de crescimento espiritual.

“Se queres progredir de virtude em virtude, de graça em graça, medita diariamente a Paixão de Jesus Cristo” mencionando São Boaventura. Todos os Santos foram devotos da Paixão de Jesus; passavam longas horas diante do Sacrário, mas também aos pés da Cruz de Jesus. Há diversas razões que nos levam a imitá-los:

- Para um verdadeiro arrependimento dos nossos pecados e um desejo sincero de não mais pecar.

- Para enchermos nosso coração de santa ternura pelas realidades espirituais. Meditemos a Paixão de Jesus, e nosso coração, se não for de pedra, se comoverá.

- Para adquirirmos muitos merecimentos.

- Por motivo de gratidão. Se passássemos dias, semanas, meses ou anos sem refletir nos sofrimentos que Jesus Cristo suportou por nosso amor seríamos muito ingratos e até indignos. E Jesus na sua Paixão, viu a cada um de nós, sofreu por amor de cada um de nós, como se fôssemos os únicos. “Ele me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20).

- Para merecermos a nossa Salvação. Jesus fez tudo, seus méritos são infinitos, mas quer que realizemos também nós alguma coisa. “Completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo” (Cl 1,24). E o que falta esta Paixão, senão a nossa correspondência, isto é, que assumamos como nossa esta fonte de graças? Unamos sim, os nossos pequenos sacrifícios físicos e espirituais aos seus sofrimentos.

14705710_1182470171800615_5438625310536276450_nIsto significa que devemos fazer nossa a Paixão de Jesus procurando de guardá-la com firmeza na mente, no coração, no corpo e no espírito.

Pensemos com freqüência na Paixão de Jesus durante esses dias da quaresma e conformemos a ela o nosso modo de julgar acerca do valor dos sofrimentos, das humilhações. Se há pessoas que devem refletir sobre a Paixão de Jesus, são precisamente os missionários. Seja esta uma das vossas principais devoções. O próprio Santíssimo Sacramento é um memorial e renovação da Paixão do Senhor.

Sim, canalizemos os nossos afetos para os sofrimentos que Jesus padeceu. É o que fazia S. Paulo: “Quanto a mim, longe de me gloriar a não ser na cruz de Jesus Cristo” (Gl 6,14).

Unamos nossas dores e sofrimentos aos de Jesus Crucificado. “Eu trago em meu corpo os estigmas de Jesus” (Gl 6,17), dizia S. Paulo.

Durante a Quaresma, nosso espírito esteja voltado freqüentemente sobre a Paixão de Jesus. Para isso é bom fazer as seguintes perguntas: Quem sofre? Quem o faz sofrer? Por quem sofre? Por que sofre? Como sofre? ... Amai a Paixão de Jesus Cristo, fortificai-vos nela. Nas missões, o pensamento que vos dará mais força será precisamente o da Paixão de Jesus. Que poderá fazer um missionário/a, um sucessor de São Paulo, se não amar Jesus Crucificado? Meditando a Paixão de Jesus, compreendereis o seu grito na cruz “tenho sede” e vos abrasareis de zelo pela salvação de muitas pessoas. Nem sempre tereis o Santíssimo Sacramento convosco, mas o Crucifixo sim. Ele será um livro em que lereis as vossas obrigações. Mas não basta carregá-lo no peito, é preciso imitá-lo. A Paixão do Senhor vos sustentará nas lidas diárias, nas dificuldades do apostolado e também na hora da morte”,  Pe. Allamano.

Sejamos espertos/as em aproveitar ao máximo, o tempo que nos é dado.

Também o Papa Francisco nos diz em sua mensagem para a Quaresma deste ano:

“Quaresma é o tempo favorável para nos renovarmos, encontrando Cristo vivo na Palavra, nos Sacramentos e no próximo. O Senhor - que, nos quarenta dias passados no deserto, venceu as ciladas do Tentador – indica-nos o caminho a seguir. Que o Espírito Santo nos guie na realização dum verdadeiro caminho de conversão, para redescobrirmos o dom da Palavra de Deus, e sermos purificados do pecado que nos cega e servirmos Cristo presente nos irmãos necessitados. Encorajo todos os fiéis a expressar esta renovação espiritual, inclusive participando nas Campanhas de Quaresma que muitos organismos eclesiais, em várias partes do mundo, promovem para fazer crescer a cultura do encontro na única família humana. Rezemos uns pelos outros para que, participando na vitória de Cristo, saibamos abrir as nossas portas ao frágil e ao pobre. Então poderemos viver e testemunhar em plenitude a alegria da Páscoa”, diz Francisco.

 

Lourdes Meller Bonapaz é Missionária da Consolata em SP.