SANTIDADE NÃO É OPCIONAL

A santidade é possível e acessível a todos.

Por Lourdes Bonapaz   

Estamos vivendo numa época em que se torna até difícil falar sobre o tema da santidade, mas é para isto que fomos chamadas: à santidade.

DSC03780Por força do Batismo, todo cristão é chamado à santidade, mas para nós, Missionárias da Consolata, a santidade não é simplesmente um convite ou uma opção a ser feita. A Santidade é para nós, um dever, pois assim nos queria o Pai Allamano: “Antes Santas Depois Missionárias”. Com isso ele queria dizer que, para ser Missionária, é condição indispensável buscar constantemente a santidade.

Como poderemos ajudar outras pessoas na própria santificação se não formos nós santas antes?  Devemos nos dedicar de corpo e alma ao seguimento de Jesus que nos chamou para alcançarmos a santidade e nos assemelharmos ao Pai: “Diga a toda a comunidade dos filhos de Israel: Sejam santos, porque eu, Javé, o Deus de vocês, sou santo” (Lev 19,2).

E o Pai Allamano: “Minha preocupação dominante é sempre a mesma: será que todas as jovens, que ingressam no Instituto têm verdadeiramente boa vontade de se santificar? Sinto tremenda responsabilidade por vocês”.

E ainda, o Fundador: “como missionárias, não deveis ser apenas santas, mas santas de qualidade, em grau superlativo”. “Erraria quem dissesse: Vim para o Instituto para ser missionária e proto. Não, minha cara... antes de tudo vieste para te santificar; não invertamos os termos”. E nossas Constituições são bem claras ao “para que” viemos: “O fim do Instituto é a nossa santificação e o anúncio de Cristo aos não cristãos como participação à missão de Deus”. (Const. nº 5)

Em sua última Exortação Apostólica, “GAUDETE ET EXSULTATE” (Alegrai-vos e Exultai) o Papa Francisco trás o mesmo tema da Santidade, para nossa época e diz:

32968131_10215715955189299_2812434255748005888_n“O meu objetivo é humilde, diz o Papa: fazer ressoar mais uma vez a chamada à santidade, procurando encarná-la no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades, porque o Senhor escolheu cada um de nós

para ser santo e irrepreensível na sua presença, no amor (cf. Ef 1, 4). (2)

A santidade é o rosto mais belo da Igreja. Mas, mesmo fora da Igreja Católica e em áreas muito diferentes, o Espírito suscita «sinais da sua presença, que ajudam os próprios discípulos de Cristo. (9)

«Cada um por seu caminho», diz o Concílio. Por isso, uma pessoa não deve desanimar, quando contempla modelos de santidade que lhe parecem inatingíveis. Há testemunhos que são úteis para nos estimular e motivar, mas não para procurarmos copiá-los, porque isso poderia até afastar-nos do caminho, único e específico, que o Senhor predispôs para nós. Importante é que cada crente discirna o seu próprio caminho e traga à luz o melhor de si mesmo, quanto Deus colocou nele de muito pessoal (cf. 1 Cor 12, 7), e não se esgote procurando imitar algo que não foi pensado para ele.

Todos, somos chamados a sermos testemunhas, mas há muitas formas existenciais de testemunho. (11)

Isto deveria entusiasmar e animar cada um a dar o melhor de si mesmo para crescer rumo àquele projeto, único e irrepetível, que Deus quis, desde toda a eternidade, para ele: «antes de te haver formado no ventre materno, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei» (Jer 1, 5). (13)

...Todos, somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou uma mãe de família? Sê santa, vivendo com alegria a tua doação. (14)

DSC03937Deste modo, sob o impulso da graça divina, com muitos gestos vamos construindo aquela figura de santidade que Deus quis para nós: não como seres autossuficientes, mas «como bons administradores das várias graças de Deus». (1 Ped 4, 10) (18)

Esse é só um “gostinho” do que o nosso querido “Papa Francisco” apresenta na exortação ALEGRAI-VOS E EXULTAI sobre a santidade no mundo atual. Ele é muito prático e simples. Eu vejo seus escritos alinhados com os ensinamentos do Padre Allamano, que, mesmo após muitos anos continua sempre novo e atual.                                                                                                                                                                                                                       Somos todos convidados a ler e estudar esse lindo documento que nos faz ver a santidade não como algo distante e difícil, não; a santidade é possível e acessível a todos.

Finalizando o capítulo I, conclui Francisco: “Não tenhas medo da santidade. Não te tirará forças, nem vida nem alegria. Muito pelo contrário, porque chegarás a ser o que o Pai pensou quando te criou e serás fiel ao teu próprio ser” (32).

Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo”. (33) É isso mesmo, ‘ninguém dá o que não tem’ o nosso dever de cristãs e Missionárias, é de ser santas: “antes santas depois missionárias” nos repetia constantemente nosso sábio Fundador José Allamano.

Lourdes Bonapaz é Missionária da Consolata em SP.