Maranatha é declaração de fé, expressão de esperança e súplica que brota de um coração exultante.
Por Anair Voltolini
A palavra MARANATHA não é simplesmente uma palavra, mas uma declaração de fé; é uma expressão de esperança; é uma súplica que brota de um coração exultante, mas inquieto: VEM SENHOR JESUS! Um grito que encerra em si uma força escatológica que sintoniza o passado – a Encarnação do Filho de Deus - com o presente – a acolhida de Cristo hoje como Salvador da humanidade – e com o futuro – a vinda definitiva e gloriosa de Jesus, Senhor da história.
O tempo do Advento, portanto, recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão de eternidade do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo. Não se pode esquecer que toda a humanidade e a criação vivem em clima de advento, de ansiosa espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus.
Jesus rasga os céus e vem estabelecer a sua tenda no meio do povo, como Missionário do Pai, para manifestar o amor de Deus pela humanidade. “Deus amou tanto o mundo – nos diz João, 3,16 – que enviou o seu único Filho para que todos tenham a vida eterna”.
Este tempo é portanto para toda a Igreja, momento de forte mergulho na liturgia e na mística cristã. É convite à esperança e à vigilância, a abrir com alegria o próprio coração e a própria casa para acolher mais uma vez Cristo que vem como Salvador do mundo. É a hora de renovar o compromisso de testemunhar e anunciar no ambiente social de nossas vidas os valores do Evangelho.
MARANATHA..., é, sim, uma oração muito comum no tempo litúrgico do ADVENTO – período de quatro semanas onde a Palavra de Deus se reveste de uma força singular de conversão, de retorno ao caminho que conduz a “Belém”, isto é, ao encontro do Senhor que vem e quer nascer em cada coração.
Alguns símbolos e algumas figuras são emblemáticas neste itinerário de vida nova:
A coroa do Advento com as quatro velas: os ramos verdes da coroa simbolizam a vida feita de esperança, e as velas com sua luz, cada semana mais intensa pela nova vela que vai sendo ascendida e representam a verdadeira Luz do mundo que é o próprio Cristo. Esta luz se plenifica no Natal, que é a festa da Luz. Justamente, a Celebração do Natal substituiu a festa pagã, realizada por volta do dia 25 de dezembro, chamada de Natalis Solis Invicti ("nascimento do sol invencível"), era uma homenagem ao deus persa Mitra, popular em Roma.
As figuras do Advento, os personagens mais influentes na liturgia neste tempo, são:
Logicamente, Maria, a jovem que traz no seu ventre o Filho de Deus, tornando-se Sacrário de Deus; a jovem “feliz porque acreditou na Palavra de Deus anunciada pelo Anjo”, como bem exclamou Isabel. Podemos olhar para Ela e invocá-la como a Virgem da Esperança e do silêncio, a Mãe da Consolação. Jesus que vem é a verdadeira Consolação da humanidade.
Isaias, o Profeta que anuncia com clarividência e maravilha as promessas de Deus, de salvação e libertação do povo e da humanidade, por meio do Messias que seria enviado.
João Batista, o Precursor, que prepara o caminho anunciando a vinda de Jesus. Propõe ao povo um caminho de renovação e compromisso de fidelidade aos mandamentos de Deus.
José, o esposo de Maria, homem justo e humilde, que aceita a missão de ser o pai adotivo de Jesus e de colaborar assim na obra da Redenção. Envolvido neste mistério de fé, torna-se modelo para toda a Igreja.
Deus é fiel a suas promessas: o Salvador virá; daí a alegre expectativa. A esperança da Igreja é a esperança do Povo de Israel já realizada em Cristo, mas que só será definitiva na vinda gloriosa do Senhor. Por isso, o brado da Igreja característico nesse tempo é Maranatha! Vem Senhor Jesus!
Anair Voltolini é Missionária da Consolata em SP.
